O Caso da Cabrita – por Líria Todeschini

Dario, meu amigo de infância, quase irmão, da família Ferro, contou-nos esse caso que realmente aconteceu em Nova Prata.

Eu, (Dario falando)  e meu irmão mais novo  Altir, o “nenê grande”, ainda quando éramos adolescentes, fomos no “Senhor Fonte” buscar uma cabrita, obedecendo as ordens de Dona Edviges nossa mãe.

O “Senhor Fonte” (nome fictício) possuía   a colônia  mais próxima de nossa casa, mas mesmo assim era longíssimo para ir a pé.
Costumavámos  ir lá comprar vinagre, laranjas e queijos.

Muitas vezes, ele trazia da colônia produtos para vender e dizem que bem “sovina” era esse homem – em algumas ocasiões ele tinha a coragem de cortar uma laranja e vender só a metade se não tivessem os centavos de cruzeiros que valia a fruta inteira.
– Bem, bem (continua falando Dario) vamos ao que interessa: A história da cabrita.
A mãe  comprou o animal e lá fomos  buscá-la. Longa caminhada. Tinha e ainda hoje tem uma boa subida antes de chegar lá.
– Nós éramos pequenos, parecida  um caminho sem fim. Na ida  tudo bem, brincávamos de atirar com nossa “funda” (estilingue) de travessos meninos que éramos. Bons tempos aqueles. Parávamos  no caminho para trepar em árvores e comer pitangas e guavirovas, enfim tudo o que tem direito os garotos marotos (mas de boa índole).

                  Nosso problema foi a volta com a  gorda,  enorme, redonda  cabrita.
                  Parecia que ia estourar….
                  Nós dois com a encomenda da mãe. Não era uma boiada, mas que trabalhão!
                  A cabrita não queria caminhar.
                  Que  droga!
                  Puxa, Puxa…
                  Empurra, empurra e nada…
                  O animal não se movia centímetros.
                  Levamos uma eternidade para cumprir a tarefa de trazê-la para casa.
                  Exaustos chegamos para a alegria da família.
                  Agora tínhamos uma cabrita!   “Leite garantido para a meninada”- disse a mãe .
Na manhã seguinte , para  surpresa de todos , lá estava a cabrita com um cabritiiiiiiiiiinho.
   Sabia eu lá de gravidez ?

Assim Dario termina sua narrativa com uma boa gargalhada.

Fonte: História contada por Dario Ferro (in memória), escrita por Líria Todeschini e ilustrada por Laci Todeschini