Sobre os dedos da mão

Aprendi os números com meu pai e sempre com os dedos.

Cada coisa que era para contar, ele levantava as mãos e eu o imitava e mexendo os dedos íamos até a contagem necessária…

Contávamos tudo… as folhas de determinado galho, as sementes das bergamotas que comíamos, antes quantas bergamotas, depois quantas casquinhas e assim se seguiam as contagens.

Algumas vezes, as coisas eram maiores do que os dedos, então era preciso ter algo a parte para ajudar, tipo pedrinhas – um pauzinho para cada duas mãos, desta forma, cinco pauzinhos era igual a 10 mãos ou a cinco pares de mãos!

Difícil? Sim, bastante, mas fui aprendendo e ficou bem interessante e depois, na escola, mantive os dedos em alerta e em movimento durante as matemáticas todas!

Até hoje, conto nos dedos e movimento-os no ar, para desespero de adultos que nem sonham de onde vem o “meu contar”!

 Um dia, ele me mostrou que uma mão era igual ao número de filhos que ele tinha: o polegar = minha irmã mais velha… indicador = meu irmão, dedo médio = minha irmã do meio, anelar = minha irmã mais nova e o mínimo = eu!!!

Daí ele acrescentou que todos os dedos tinham a mesma importância e valor para a mão dele, que qualquer um que machucasse lhe daria extrema dor… o que me decepcionou um pouco e eu tentei argumentos incontáveis para convence-lo que “o mínimo” era muito mais importante e que doeria muito mais… Não consegui!

Também aprendi o “Mindinho | Seu vizinho | Pai de todos | Fura bolo | Mata piolho…

Mas o contar feliz com os dedos e a igualdade de amor de um pai foi o que ficou dele, para sempre em mim!