20 – Um passeio de um século

Anos 10 – A BELLE ÉPOQUE E A INFLUÊNCIA DA I GUERRA MUNDIAL

A moda dos anos 10 representou o rompimento não apenas temporal com o século XIX, mas, sobretudo, o reflexo da transformação do artesanal para o industrial. Inserida dentro da Belle Époque, ela foi marcada por grande ostentação e por excessos. Uma de suas características marcantes foi a notória adoção dos temas orientais, através de cores fortes, e de saias afuniladas. Estiveram em evidência os vestidos excessivamente enfeitados com bainhas que tocavam o piso. A mulher madura com atitude dominante se impunha através de bustos volumosos e cinturas disciplinadas por corselettes, formando uma silhueta em forma de “s”. A França era a referência para o mundo e o estilo Belle Époque era inconfundível nas roupas de passeio e para ocasiões especiais. Este período foi sensivelmente abalado com a primeira guerra mundial (1914-1918). A ida dos homens aos campos de batalha conduziu as mulheres para o mercado de trabalho. Assim, o figurino feminino passou de frágil para funcional. Fabulosamente retratado em um site Inglês – Marquise – estão todas as formas de moldes de costura da época.

Anos 20 – CHANEL MUDA A FISIONOMIA DA MODA

Os anos 20 são reconhecidos como uma década de prosperidade. Encerrada a I Guerra Mundial, a mulher começa a ter mais liberdade: pernas e colo à mostra. Com uma silhueta tubular, ela passa a adotar vestidos mais curtos, leves e elegantes, geralmente em seda, facilitando os movimentos frenéticos exigidos pelo Charleston. As meias em tons de bege sugeriam que as pernas estivessem nuas. O chapéu, até então acessório obrigatório, ficou restrito ao uso diurno e era usado enterrado até os olhos com os cabelos curtíssimos, a la garçonne, como era chamado. A década de 20 foi da estilista Coco Chanel, com seus cortes retos, capas, blazers, cardigãs, colares compridos, boinas e cabelos curtos. Os anos 20, em estilo Art-Déco, começaram trazendo o movimento construtivista – preocupado com a funcionalidade. Toda a euforia dos “felizes anos 20” acabou no dia 29 de outubro de 1929, com a quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque: foi o início da grande depressão do século XX.

Anos 30 – CRISE E GUERRA DELIMITAM PERÍODO DE FEMINILIDADE

A década se inicia em plena crise e diferentemente dos anos 20, que havia destruído as formas femininas, os 30 as redescobriram através de uma elegância refinada, sem grandes ousadias. As saias ficam longas e os cabelos começaram a crescer. Os vestidos ficam justos e retos. Os materiais mais baratos passam a ser usados em vestidos de noite. O corte enviesado e os decotes profundos nas costas dos vestidos de noite são marcas do período. A mulher dessa época devia ser magra, bronzeada e esportiva. Em 1935, um dos principais criadores de sapatos, o italiano Salvatore Ferragamo, lançou sua marca, que viria se transformar em um dos impérios do luxo italiano. Chanel continuava sendo sucesso. Nessa época, o termo prêt-à-porter ainda não era usado, mas os passos para o seu surgimento eram dados pela boutique, palavra então muito utilizada que significava “já pronto”. Nelas surgiram os primeiros produtos em série assinados pelas grandes maisons. No final dos anos 30, com a aproximação da Segunda Guerra Mundial, as roupas já apresentavam uma linha militar.

Anos 40 – NEW LOOK DE DIOR É MARCO

A silhueta do final dos anos 30, em estilo militar, perdurou até o final da segunda guerra mundial. A mulher francesa era magra, consequência da guerra,  e as suas roupas e sapatos ficaram mais pesados e sérios e a escassez de tecidos fez com fossem adotados materiais alternativos na época, como as fibras sintéticas. Na Grã-Bretanha, o Fashion Group of Great Britain criou 32 peças de vestuário para serem produzidas em massa. Durante a guerra, os americanos instituíram o chamado ready-to-wear. Nesse contexto, foram criados os conjuntos, cujas peças podiam ser combinadas entre si. Mas foi o francês Christian Dior, em sua primeira coleção, apresentada em 1947, que surpreendeu a todos com suas saias rodadas e compridas, cintura fina, ombros e “seios naturais”, luvas e sapatos de saltos altos. O sucesso imediato do seu New Look, como a coleção ficou conhecida, indica que as mulheres ansiavam pela volta do luxo e da sofisticação perdidos.

Em 1946, Louis Reard criou o primeiro biquíni. O público se ofendeu e leva cerca de dez anos para se tornar um biquíni parte perfeitamente normal do guarda-roupa das mulheres para banhos de praia.

 

Anos 50 – A MODA PROSPERA NOS ANOS DOURADOS

A mulher dos anos 50 é mais feminina e glamorosa: graças a Dior, metros e metros de tecido eram gastos para confeccionar um vestido, bem amplo e na altura dos tornozelos. A cintura era bem marcada e os sapatos eram de saltos altos, além das luvas e outros acessórios luxuosos, como peles e jóias. Foi o mesmo Christian Dior quem liderou, até a sua morte em 1957, a agitação de novas tendências que foram surgindo quase a cada estação. Durante os anos 50, a alta costura viveu o seu apogeu. O grande destaque na criação de sapatos foi o francês Roger Vivier. Ele criou o salto agulha, em 1954 e, em 1959 o salto choque, encurvado para dentro, além do bico chato e quadrado. Aos 70 anos de idade, Chanel criou algumas peças que se tornariam inconfundível, como o famoso tailleur com guarnições trançadas, a famosa bolsa a tiracolo em matelassê e o scarpin bege com ponta escura..

Anos 60 – LIBERDADE SEM FRONTEIRAS

Os anos 60, acima de tudo, viveram uma explosão de juventude em todos os aspectos. Era a vez dos jovens, que influenciados pelas ideias de liberdade da chamada geração beat, começavam a se opor à sociedade de consumo vigente. Nesse cenário, a transformação da moda iria ser radical. Era o fim da moda única, que passou a ter várias propostas e a forma de se vestir se tornava cada vez mais ligada ao comportamento. A moda era não seguir a moda. A grande vedete dos anos 60 foi, sem dúvida, a minissaia. Enquanto isso, Saint Laurent criou vestidos tubinho inspirados nos quadros neoplasticistas de Mondrian e o italiano Pucci virou mania com suas estampas psicodélicas. Paco Rabanne, em meio às suas experimentações, usou alumínio como matéria-prima. O unissex ganhou força com os jeans e as camisas sem gola. Pela primeira vez, a mulher ousava se vestir com roupas tradicionalmente masculinas. Os anos 60 serão lembrados, ainda, pelo biotipo da modelo Twiggy, muito magra, com seus cabelos curtíssimos e cílios inferiores pintados com delineador.

Anos 70 – DESCONSTRUÇÃO É A PALAVRA DE ORDEM

Antimoda era palavra-chave. Desde as calças boca de sino, os trajes de algodão barato, tudo era permitido, até os trajes de alta costura, desde que não tivesse um aspecto normal. O jeans se estabelece como o uniforme dos não conformistas, sendo disseminado por todo o mundo. Logo os estilistas entenderam que deveriam aderir ao movimento propondo jeans desbotados e procurando incutir uma nova vida com um pouco mais de glamour. Transformaram o clássico em calças de boca de sino, calças afuniladas, não evitando nem as dobras nem as pregas. Assim, os clássicos jeans dos trabalhadores transformaram-se em peças chics, que exibiam orgulhosamente etiquetas Fiorucci, Cardin ou Calvin Klein.
Os punks, por sua vez, substituíram o love and peace pelo sex and violence, e tudo o que era natural transformou-se numa artificialidade gritante: fora com o algodão, viva o plástico! A moda fica também mais esportiva. A moda anos 70 é dificílima de ser definida.
Usou-se de tudo. As saias subiam e desciam como um elevador: mini, micro, longa, midi.
A roupa unissex ganha força com os terninhos e os conjuntos de jeans.

Anos 80 – OS EXCESSOS SÃO A TÔNICA DA DÉCADA

Os anos 80 serão eternamente lembrados como uma década onde  o exagero e a ostentação foram a marca registrada. Os seriados de tv, como Dallas, mostravam mulheres glamorosas, cobertas por joias e por todo o luxo que o dinheiro podia comprar. Os Yuppies, executivos jovens sedentos por poder e status, também eram outro movimento.
A moda apressou-se por responder a esses desejos, criando um estilo nada simplório. Num afã em ostentar, todas as roupas de marcas conhecidas tinham seus logos estampados no maior tamanho possível, com preços promocionais. Nessa década, ter um corpo bonito e saudável era essencial para o sucesso.
Influenciado as roupas, o esportivo levou o moletom e a calça fuseaux  para fora das academias e consagrou o tênis como calçado para toda a hora. A cartela de cores era vibrante, prezando por tons fortes  e fluorescentes. A modelagem era ampla demais. As mulheres, que entravam maciçamente no mercado de trabalho estavam a procura de cargos de chefia então, adotaram um visual masculino. Cintura alta, ombros marcados com enormes ombreiras fizeram a silhueta da época, ao lado de pregas e drapeados para a noite ou dia.

Anos 90 – DIVERSIDADE E RESGATE MARCAM OS LOOKS

Até a metade da década o exagero dos anos anteriores ainda influenciou a moda. Foram lançados, por exemplo, os jeans coloridos e as blusas segunda pele, que colocaram as roupas íntimas em evidência. É marcada pela diversidade de estilos que convivem harmoniosamente. A moda seguiu cada uma dessas tendências, produzindo peças para cada tipo de consumidor e para todas as ocasiões. Entretanto, vale a pena ressaltar o Grunge, que impulsionado pelo rock, influenciou a moda e o comportamento dos adolescentes com seu estilo despojado de calças/bermudões largos e camisas xadrez da região de Seattle. A preocupação ecológica ganhou status. Na segunda metade da década, a moda passou a buscar referências anteriores, fazendo releituras dos anos 60 (cores claras, tiaras) e em seguida dos 70 (plataformas em tamancos e modelos fechados, geralmente desproporcionais), tudo mesclado à modismos dos anos correntes.

Anos 2000 – CLIMA GLOBAL: É A VEZ DE INTERPRETAÇÕES PRÓPRIAS

Os anos 2000 protagonizam a consolidação da era da globalização, e a moda adere aos tecidos de alta performance, que absorvem suor, mudam de cor e refletem a luz. As possibilidades da moda tornam-se infinitas e cabe a cada um escolher o que mais combina com seu perfil. O jovem consolida-se como o grande formador de novos conceitos de moda. E para os estilistas, é a grande chance de mostrar sua capacidade de criação. O consumidor está sedento por novidades. Paralelo a isto, a moda internacional não mais se restringe ao circuito tradicional. Considerando uma coisa e outra, a chave que desvenda o caminho a ser trilhado para quem quer estar na moda pode estar na confluência de inúmeros indicadores e a eles acrescentar uma mistura de tecidos, formas e doses generosas de sensualidade, cor e alegria, para obter ao final, uma visão pessoal. A cara dos anos 2000 ainda está se formando e só se terá certeza de sua feição a partir do rompimento da barreira da década.