Professor | Professora

Sou professora por formação e tive o privilégio de lecionar no primeiro, segundo e terceiro graus. Cada um deles com suas dificuldades, mas em todos eles com um prazer enorme.
Ensinar é na verdade, aprender!

Mas ser Professor é o que?

– Quando fiz 5 anos, mamãe me colocou em um maternal “das freiras”, particular e ali, estudavam as criancinhas do centro da cidade, muito mais “evoluídas” do que as de bairro, como eu… Depois de trinta dias de solidão e silêncio, fui convidada para brincar no recreio então… corri, pulei, ri e esqueci… esqueci de comer a merenda e de ir ao banheiro. Ao entrarmos na sala, ”apertada”, levantei a mãozinha e pedi à “profe” par ir ao banheiro, ela me respondeu, voltaste do recreio agora, por isso, vais esperar.
Esperei… muito!!! Em um determinado momento entre 10h e 11h30min meu corpo não esperou e fiz xixi – como era frio, além do lindo uniforme de saia de pregas e meias ¾ tinha um casaco de lã vermelho e com ele, mantive tudo ali na cadeira – ao bater o sinal de saída. Esperei os coleguinhas saírem e vi que meu casaco tinha mantido o mesmo visual de seco, então sai e fui com a minha irmã até em casa e fui me trocar e escondi o lindo casaco vermelho para não contar para ninguém. Acordei no dia seguinte com muita dor de barriga e passei o dia assim, no outro, febre e fui ao médico e nada ele descobriu – depois de 10 dias assim e sem ir à escola, minha mãe achou melhor me poupar um pouco e cancelou minha matrícula – aos poucos a saúde voltou.
Nunca souberam de meu xixi!

Nem a mãe, nem a “profe”. 

– Com 6 anos fui ao primeiro ano, em uma escola muito próxima de minha casa, desta vez municipal e chamava escola Modelo – era para ser a “melhor da cidade”.

Antes de ir, fui ao banheiro 3 vezes e minha irmã estava furiosa porque eu ia atrasar. Tudo certo, cheguei em tempo. Tinha uma professora e um professor em sala de aula. Tudo novo e muito bonito! Estava extasiada olhando e andando. Ao entrar não lutei para ter lugar na frente e fui indo até uma carteira vazia e sentei. A professora Maude se apresentou e explicou como seria, carinhosa e amável. Eu estava achando muito melhor do que eu imaginava que era “a temida escola”…

Então o professor João Carlos escreveu o nome dele no quadro e o giz quebrou, todos riram, eu não. Ele não gostou e jogou o giz em direção ao fundo da sala, adivinhem onde bateu? Em minha boca e todos riram, EU NÃO! 

Entendi pela segunda vez que professores são as pessoas da escola que devem ser temidas!!!

Sempre fui uma pessoa que fala muito, que gosta de rir, sem problemas com comunicação… Mas entrando em uma sala de aula ficava silenciosa e totalmente neutra!
Fui estudar em Porto Alegre, porque queria ARTES no segundo grau. Depois fiz arquitetura na Unisinos – indo e vindo de POA. Anos mais tarde acabei descobrindo artes em Novo Hamburgo e vim fazer essa faculdade – indo e vindo de novo.

Em um dado momento vi que ia ser professora e entrei em pânico!
EU NÃO QUERIA SER TEMIDA!

Como eu vinha de carro todo dia, tínhamos a “turma da carona” e dentre elas uma “profe que morava perto de minha casa em Porto”. Em determinado momento ela me disse estar muito intrigada com as duas pessoas que conhecia: a colega de carona “gritona, falante e cheia de opinião” e a aluna que se negava a apresentar trabalho, não dava opinião sobre nada e era esquiva.  Depois dessa observação, “começou a falar em terapia”. Acabou marcando e informando que estaria cedendo sua hora.
Isso foi real e na primeira hora com a terapeuta, veio a catarse do xixi e somou-se a ela o giz na boca!

Naquele dia eu entendi o que é ser professor!
Naquele dia eu amei me tornar professora e sabia que ia ser diferente!

Sabia que precisava PRESTAR ATENÇÃO ao aluno.
Conhecer o que ele sente, o que ele precisa e o que ele gosta, pois, somente estando em seu mundo eu poderia trazer algo novo, conhecimento e prazer em aprender.

No mesmo ano fui professora em uma escola incrível em Porto – Quarta, quinta, sexta, sétima e oitava séries! Amei!!
Ao me formar, assumi três turmas de segundo grau! Fantástico!

Depois de duas especializações fui ser professora de professores e então me dediquei em passar a necessidade de se ter a PERCEPÇÃO DO ALUNO e então trazê-lo a aprendizagem.

As coisas mudaram muito, a forma de aprender – a tecnologia… tudo!

Menos isso!
Se o professor compreender o que o aluno precisa
– SERÁ UM PROFESSOR EXTRAORDINÁRIO!