Fantasia de Shrek em casamento na Serra faz diocese rever regras sobre trajes – Garibaldi RS

Essa polêmica e interessante matéria, onde a Igreja se posiciona e pretende estabelcer um “figurino” parece um pouco fora de propósito, se um grupo de pessoas resolveram usar um tema para desenvolver durante um casamento e optaram por ter as benções de Deus na Igreja em sua União, parece-nos um exagero a “Igreja” querer questionar seus valores, uma vez que não houve quebra de decoro, indecência e afins…

Estranho é a Igreja se manifestar pelo fato de que muitas pessoas foram asssitir esse evento “diferente”…
Porque ela teria considerado nocivo? Não foi apenas uma forma saudável de agregar pessoas em torno de uma finalidade?
Será que a Igreja não está afastando as pessoas em vez de agregá-las?
Onde foi que eles pecaram? 

 

Fantasia de Shrek em casamento na Serra faz diocese rever regras sobre trajes –
Esta é a manchete do plantão do jornal Pioneiro na Web  onde Vanessa Franzosi,  do sucursal da Serra, escreveu:

Cerimônia inspirada em animação leva igreja a limitar escolha de roupas de noivos
A repercussão do casamento inspirado no filme Shrek, realizado em Garibaldi, motivou a Diocese de Caxias do Sul a estudar novas orientações quanto aos trajes utilizados em cerimônias matrimoniais.

Vestidos de Shrek e Fiona, o casal Denise Flores, 30 anos, Marcelo Basso, 39 anos, abriram a discussão na Igreja Católica sobre o que deve ou não ser permitido nas cerimônias religiosas.
Atualmente não há normas claras na instituição que diga com que traje é permitido se casar. A cerimônia realizada no último dia 12 deve fazer que as vestimentas entrem nas normas da diocese de Caxias do Sul.
De acordo com o coordenador diocesano da pastoral local, padre Gilmar Paulo Marchesini, até o casamento temático de Garibaldi, a diocese não havia pensado em restrições quanto aos trajes. Mesmo sem as regras formalizadas, a Diocese publicou nota assinada pelo bispo Dom Paulo Moretto, desaprovando o casamento temático.

No último dia 15, uma assembleia do clero da diocese de Caxias do Sul decidiu que deve encaminhar novas orientações de postura para as cerimônias, e os trajes podem ser contemplados.
— Não há necessidade de que a noiva esteja de branco ou o noivo de terno e gravata, mas deve haver cuidado para que o uso das roupas não cause constrangimentos — pondera Marchesini.
Conforme o secretário-executivo da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) no Rio Grande do Sul, padre Tarcísio Rech, a CNBB também não determina regras às condutas dos cristãos no país.
— A responsabilidade sobre as normas são da diocese, baseadas no Código de Direito Canônico — afirma Rech.
Depois da publicação da reportagem sobre o casamento em Zero Hora, o dia foi atípico na casa da cabeleireira Denise Flores, 30 anos, e do empresário Marcelo Basso, 39 anos, em Garibaldi.
Os irmãos gêmeos de Denise, Daniel e Guilherme, 20 anos, tornaram-se secretários improvisados do casal. São eles que agora atendem aos celulares, marcam entrevistas e dizem como está sendo a repercussão.
Entenda o caso
— No dia 12 de março, a cabeleireira Denise Flores e o empresário Marcelo Basso (foto) casaram-se na Igreja Matriz de Garibaldi vestidos de Fiona e Shrek, na versão clássica.
— Os cerca de 600 convidados também estavam vestidos de personagens do filme ou de contos infantis. Apesar dos trajes, que remetem ao estilo medieval, o ritual do casamento foi o tradicional da Igreja Católica
— O casamento foi atração na cidade, e a cerimônia acabou atraindo cerca de 2 mil pessoas, curiosas para ver a inusitada cerimônia
— Com a repercussão, a diocese de Caxias do Sul, responsável pela paróquia de Garibaldi recebeu e-mails de cristãos reprovando a liberação da cerimônia temática e acabou decidido estudar novas regras para o que pode ou não ser usado pelos noivos
— No dia 17 de março, o bispo Dom Paulo Moretto publicou nota oficial no site da diocese de Caxias do Sul desaprovando o casamento por não seguir o estilo, a santidade e seriedade da celebração.”

Se olharmos na história…

O vestuário para casamento passou por diferentes importâncias e simbologias através dos tempos. Diferente de outros trajes sociais preparados para ocasiões especiais, o traje dos noivos tem um significado relevante para a cultura ocidental.

O vestido de noiva branco acabou existindo como uma forma de demonstrar a upureza virginal – hoje um tanto questionável. Além de ser uma veste nupcial, o vestido de noiva resgata pedaços da cultura, da religiosidade e da história da humanidade.  As cores, volumes, detalhes somam um conjunto de crenças e  simbolizam a magia que envolve uma união entre duas pessoas – ou ainda pode ser o marco do Amor para as culturas do ocidente.

Não é muito claro como se vestiam na antiguidade nos casamentos. As mulheres egípcias casavam entre os 12 e os 14 anos, enquanto que os homens o fariam por volta dos 16, 17 anos. Estas idades podem parecer demasiado precoces, mas é necessário ter em conta a baixa esperança de vida que existia no Egito nesta época. A aprovação paterna era condição obrigatória para a realização do casamento, que concretizava-se com a troca de presentes entre as famílias. A roupa, era apenas “a melhor possível, mas não diferente da usada em qualquer outro evento”

Nas informações bíblicas sobre cerimônias matrimoniais, os cônjuges, antes de serem expostos publicamente, eram preparados por suas famílias com banhos especiais e com o uso em suas peles de óleos aromáticos. A cerimônia religiosa tinha por objetivo pedir as bênçãos divinas para a nova união e se dava pela determinação das famílias, visando à continuidade da ética comunitária e a manutenção dos limites territoriais.  Se as famílias eram abastadas, após as bênçãos se seguia um festejo público. O mais significativo destes relatos é conhecido como “As Bodas de Canaã”, descrito no Evangelho.

Já com os romanos, a célebre história do “rapto das Sabinas” seria o casamento que deu origem a este povo. O rapto, como forma de casamento, era um costume bárbaro, servia para demonstrar a virilidade do marido e a subserviência da esposa como valorização da disposição física do esposo. A esposa, a partir de então, passava a considerá-lo como seu amo e senhor. Este costume se manteve na Europa até a sua total cristianização, que se deu durante a Idade Média.

Entre os romanos civilizados a cerimônia de casamento era diferenciada das outras cerimônias civis através do traje, que era preparado unicamente para esta ocasião, quando a noiva vestia uma túnica branca e se envolvia com um véu de linho muito fino de cor púrpura. Este véu tinha o nome de FLAMMEUM. Nesta ocasião, a jovem arrumava o cabelo com tranças e ornava com uma coroa de flores de verbena. Usar flores em um casamento, sempre foi sinônimo da fertilidade e alegria.

Com a queda do Império Romano, as atenções culturais do ocidente passaram a ter como referência o padrão de elegância proposto pela corte bizantina. Lá, as noivas se casavam vestidas de seda vermelha bordada em ouro e traziam no cabelo tranças feitas com fios dourados, pedras preciosas e flores perfumadas.

Durante a Idade Média, a cristianização do ocidente trouxe novos costumes matrimonias. A coroação de Carlos Magno, no ano 800 d.C tornou o casamento um sacramento religioso, com forte carga social e simbólica, carga esta, que em grande parte perdura até os nossos dias.

Neste momento, a união dos cônjuges passou a se dar através de uma cerimônia religiosa que sacramentava a união de duas famílias e de seus patrimônios. O casamento então teve como função garantir as fronteira dos novos reinos e reconstruir os territórios nacionais destruídos pela longa invasão bárbara à qual a Europa estivera submetida desde a queda do Império Romano, e também pelo abandono deste território devido às cruzadas.
O vestido de noiva surgiu neste período com a função específica de apresentar para a comunidade as posses da família da moça. Sua simbologia era a do poder e sua função era social. A noiva era apresentada com um vestido vermelho ricamente bordado e sobre a cabeça um véu branco bordado com fios dourados. O vermelho representava a capacidade da noiva de gerar sangue novo e continuar a estirpe. O véu branco falava da sua castidade.