casamentos e vestidos de noiva na história – os casamentos mais famosos de todos os tempos até “o vestido branco e a fotografia”

O vestido de noiva passou por diferentes importâncias e simbologias através dos tempos. Diferente de outros trajes sociais preparados para ocasiões especiais, o vestido de noiva tem um significado relevante para a cultura ocidental. Além de ser uma veste nupcial, o vestido resgata pedaços da cultura, da religiosidade e da história da humanidade.  As cores, volumes, detalhes somam um conjunto de crenças e  simbolizam a magia que envolve uma união entre duas pessoas – ou ainda pode ser o marco do Amor para as culturas do ocidente. Casamentos – vestidos de noiva na história – os casamentos mais famosos dos últimos séculos é o que coloquei neste Post para você…

casamento coletivo na europa - casar, casar, casarO vestido de noiva tem uma história que acompanha as diferentes situações e funções da mulher na sociedade através do tempo.

Não é muito claro como se vestiam na antiguidade nos casamentos. As mulheres egípcias casavam entre os 12 e os 14 anos, enquanto que os homens o fariam por volta dos 16, 17 anos. Estas idades podem parecer demasiado precoces, mas é necessário ter em conta a baixa esperança de vida que existia no Egito nesta época. A aprovação paterna era condição obrigatória para a realização do casamento, que concretizava-se com a troca de presentes entre as famílias. A roupa, era apenas “a melhor possível, mas não diferente da usada em qualquer outro evento”
casamento Egito (baixo relevo) e bodas_canaã (pintura Giotto)

Nas informações bíblicas sobre cerimônias matrimoniais, os cônjuges, antes de serem expostos publicamente, eram preparados por suas famílias com banhos especiais e com o uso em suas peles de óleos aromáticos. A cerimônia religiosa tinha por objetivo pedir as bênçãos divinas para a nova união e se dava pela determinação das famílias, visando à continuidade da ética comunitária e a manutenção dos limites territoriais.  Se as famílias eram abastadas, após as bênçãos se seguia um festejo público. O mais significativo destes relatos é conhecido como “As Bodas de Canaã”, descrito no Evangelho.
vestido-de-noiva- GREGA Sobre o casamento entre o povo grego, em que os pares eram formados ao gosto dos pais quando as crianças completavam sete anos. A cerimônia se realizava quando o rapaz completava treze anos e deixava a casa materna. Esta data em geral coincidia com a primeira menstruação da noiva, que costumava ser mais velha que o rapaz. Entre eles, era comum após a consumação do casamento, o jovem marido partir para a guerra e de lá só voltar três anos depois para gerar nova leva de guerreiros.

Já com os romanos, a célebre história do “rapto das Sabinas” seria o casamento que deu origem a este povo. O rapto, como forma de casamento, era um costume bárbaro, servia para demonstrar a virilidade do marido e a subserviência da esposa como valorização da disposição física do esposo. A esposa, a partir de então, passava a considerá-lo como seu amo e senhor. Este costume se manteve na Europa até a sua total cristianização, que se deu durante a Idade Média.

Entre os romanos civilizados a cerimônia de casamento era diferenciada das outras cerimônias civis através do traje, que era preparado unicamente para esta ocasião, quando a noiva vestia uma túnica branca e se envolvia com um véu de linho muito fino de cor púrpura. Este véu tinha o nome de FLAMMEUM. Nesta ocasião, a jovem arrumava o cabelo com tranças e ornava com uma coroa de flores de verbena. Usar flores em um casamento, sempre foi sinônimo da fertilidade e alegria.

Rapto das Sabinas e Casamento Romano -

Com a queda do Império Romano, as atenções culturais do ocidente passaram a ter como referência o padrão de elegância proposto pela corte bizantina. Lá, as noivas se casavam vestidas de seda vermelha bordada em ouro e traziam no cabelo tranças feitas com fios dourados, pedras preciosas e flores perfumadas.
coroação de Carlos Magno

Durante a Idade Média, a cristianização do ocidente trouxe novos costumes matrimonias. A coroação de Carlos Magno, no ano 800 d.C tornou o casamento um sacramento religioso, com forte carga social e simbólica, carga esta, que em grande parte perdura até os nossos dias.
Neste momento, a união dos cônjuges passou a se dar através de uma cerimônia religiosa que sacramentava a união de duas famílias e de seus patrimônios. O casamento então teve como função garantir as fronteira dos novos reinos e reconstruir os territórios nacionais destruídos pela longa invasão bárbara à qual a Europa estivera submetida desde a queda do Império Romano, e também pelo abandono deste território devido às cruzadas.
O vestido de noiva surgiu neste período com a função específica de apresentar para a comunidade as posses da família da moça. Sua simbologia era a do poder e sua função era social. A noiva era apresentada com um vestido vermelho ricamente bordado e sobre a cabeça um véu branco bordado com fios dourados. O vermelho representava a capacidade da noiva de gerar sangue novo e continuar a estirpe. O véu branco falava da sua castidade.
casamento na Idade Média

Ao noivo, bastava que desse à noiva um cavalo branco para que pudesse segui-lo. Para muitas famílias, o sucesso no casamento dos filhos era uma questão de sobrevivência que implicava numa boa partilha entre terras, animais e servos para trabalhar a terra.

casamento na Idade Média - homem cavalo e mulher o dote
À noiva, além dos dotes patrimoniais, cabia levar tecidos para vestir a família e a casa que ia constituir além de jóias, que poderiam ser vendidas ou trocadas para o custeio do cultivo da terra. Os noivos, em geral, tinham ambos por volta de quatorze anos e no dia das núpcias a noiva deveria se apresentar com todas as jóias sobre o seu corpo e cabelo. Este acervo era composto de broches, tiaras, braceletes, vários colares e muitos anéis, podendo ser vários em cada dedo. O casamento cristão, que teve início na Idade Média, era uma cerimônia pública e acontecia na igreja por ser este o espaço mais público desta cultura. A tradição da cerimônia religiosa de casamento, que vivemos hoje, tem aí sua origem.
Quanto à união dos cônjuges das famílias humildes deste período, se dava como festejo popular, no centro da comunidade, num domingo de santo. Geralmente Santo Antônio era o que abençoava e protegia estas uniões sem dote, porém, de grande importância para a fertilização dos campos e lavoura. A celebração do casamento popular se dava em maio, em geral no início da colheita e representava a fertilidade da terra e a abundância na casa do homem do campo.  Noiva Burguesa

Casal Arnolfini - pintado por Jan Van Eyck -1434 com detalhe do espelho do fundoNo Renascimento, com a ascensão da burguesia mercantil, a apresentação da noiva se tornou mais luxuosa. A jovem esposa era apresentada em veludo e brocado, ostentando o brasão de sua família e as cores do herdeiro ao qual sua casa estava se filiando. O uso da tiara passou a ser um adereço obrigatório e temos nela a ancestral da nossa grinalda. O uso dos anéis era de grande importância e representavam a possibilidade de uma dama viver sem precisar trabalhar na lida com as coisas da casa. As Mãos brancas da noiva e os dedos cheios de anel demonstravam a competência do marido para prover sua esposa sem necessitar da ajuda dela em qualquer tarefa doméstica. Este fato remetia à posse de um grande número de servos, sendo que cinco damas era o número adequado para bem cuidar de uma jovem esposa e suas necessidades pessoais, tais como o asseio, o vestir e o trato dos cabelos. O volume no ventre era para simbolizar a fertilidade. No final do Renascimento, o código de elegância barroca foi determinado pelas cortes católicas de Espanha onde se estabeleceu o preto como a cor correta a ser usada publicamente como demonstração da índole religiosa de qualquer pessoa.

Final do Renascimento - Barroco - Vestidos Pretos

O preto era aceito como adequado também para os vestidos de noiva, embora tenha sido neste momento que surgiu o vestido de noiva branco como novo padrão de elegância.  A primeira noiva a se vestir de branco foi Maria de Médici ao se casar com Henrique IV, herdeiro da coroa francesa. Maria, princesa italiana, mesmo sendo católica não comungava da estética religiosa espanhola, e assim, se mostrou em brocado branco como prova da exuberância das cortes italianas. O vestido trazia um decote quadrado com o colo à mostra, o que causou grande escândalo perante o clero. Michelangelo Buonarotti, o grande artista do Renascimento, comentou este traje como uma rica veste branca, ornada em ouro, que mostrava o candor virginal da noiva, então com quatorze anos.
Jacopo-Chimenti- maria de médici

Neste período, o matrimônio popular acontecia em praça pública, e a idéia era ostentar nesta cerimônia o que de melhor sua família podia oferecer, sendo que era comum a noiva sem posses pedir vestidos emprestados ou alugar para  o evento. No enxoval, qualquer noiva deveria levar consigo, ao menos, três vestidos, um que pudesse usar em outras cerimônias importantes, um para os domingos e um mais simples para as tarefas do dia.
Cabeças femininas com Pouf - cabelos

No período Rococó, as noivas se casavam vestidas com tecidos brilhantes, bordados com pedrarias, com babados de renda nas mangas e decotes e as cores preferidas eram as florais apasteladas, sendo que as mais comuns eram a Lilás, a cor de Pêssego claro e o verde Malva. Este hábito era seguido tanto pelas jovens da aristocracia, como pelas noivas pobres. Na cabeça, era elegante usar uma peruca conhecida como Pouf de Sentimento, onde era colocado um cupido, o retrato do noivo, frutas e verduras que representavam a abundância para o novo lar.madamepompadourrs - rococó - maria antonieta
Atribuido à rainha de Fança, Maria Antonieta, esposa do rei Luiz XVI, às vésperas da Queda da Bastilha a frase: – Se não têm pão, que comam brioches! (na verdade parece que esta época ela tinha 10 anos e vivia em Viena)… Mas é bem significativo esta simbologia que marcou uma grande revolução cultural e social, inclusive na história da gastronomia mundial porque os ideais de liberdade, igualdade e fraternidade atingiriam as luxuosas cozinhas dos palácios e obrigaram os cozinheiros a procurar emprego nas tabernas e nos restaurantes. Dessa forma a cozinha francesa clássica e refinada ganhou as ruas e se misturou aos pratos rústicos e populares das cidades francesas. Como em tudo, a Revolução Francesa (1789/99) aboliu o padrão de elegância luxuoso, próprio da aristocracia de terra, que existia desde a Idade Média e o substituiu por um padrão mais discreto, puritano e burguês de origem inglêsa. Este padrão valorizou a pureza de caráter como a maior qualidade da noiva, projetou sobre ela a cor branca ou clara como símbolo da sua inocência virginal. Acrescentou-se a este traje um véu branco e transparente como símbolo da sua castidade, preso à cabeça por uma guirlanda de flores de cera representando esta sua qualidade como condição natural de toda jovem de família. Neste momento é introduzido o uso do linho, da lã e de tecidos opacos como adequados para o vestido de noiva.
revolução francesaNo Período Neo-Clássico, a moda, assim como a arquitetura e as artes, buscam as referências nas linhas Gregas. Foi um “limpar” o Excesso do Excesso levado às últimas consequências do Rococó dentro e pós do Barroco. O governo de Napoleão também comungou deste ideal e na simplicidade feminina, divulga o estilo Império como um retorno à simplicidade da mulher grega. Napoleão decretou como idade legal para o casamento dezoito anos para as moças e vinte e um para os rapazes. Foi a partir de então que se tornou obrigatória à celebração da cerimônia civil do matrimônio. Josefina, esposa de Napoleão, foi a grande divulgadora da moda Império. A partir da Revolução Francesa, o traje nupcial passou a ser quase sempre claro e com a tendência ao estilo neo-clássico que se seguiu, tornou-se mais simples como uma tendência ao estilo grego. (1790 /1800- França- Período Neoclássico/ Josephine Bonaparte)

Período Neo-Clássico na moda

Em 1840 na Inglaterra que o casamento da Rainha Vitória teve mais impacto do que todos que o antecederam… Na verdade começou uma tendência totalmente nova, quando ela decidiu não vestir a prata real tradicional vestido de noiva. Rainha Vitória deu ao vestido de casamento branco um novo significado e simbolismo quando ela se casou assim, com seu amado Príncipe Albert. Foi um vestido simples, feito de cetim branco, enfeitado com rendas e com um longo véu mais uma grinalda de flores de laranjeira na cabeça para representar a pureza.
Foi então que o branco se tornou a escolha dominante, tradicional, que simboliza pureza e virgindade.

casamento da rainha Vitória

 Notem que as imagens que retratam essa rainha são fotografias… No dia 9 de maio de 1816, o francês Joseph Nicéphore Niepce conseguiu, pela primeira vez na história, gravar uma imagem com ajuda de uma caixa de madeira numa folha de papel sensibilizado quimicamente.  Mas sua primeira fotografia reconhecida remonta ao ano de 1826. Contudo, a invenção da fotografia não é obra de um só autor, mas um processo de acúmulo de avanços por parte de muitas pessoas, trabalhando juntas ou em paralelo ao longo de muitos anos.  Poucas fotografias eram feitas, por ser um processo mais complexo… Somente passou a ser usada por muitos a partir de 1901 com a introdução da câmera Brownie-Kodak e, em especial, com a industrialização da produção e revelação do filme.

Este fato foi um marco na história da arte, moda e muito mais – Atualmente, a introdução da tecnologia digital tem modificado drasticamente os paradigmas que norteiam o mundo da fotografia e da imagem como um todo.
(referências: janeaustensworld, claudiacastellan, portalsaofrancisco, weddingstory, superweddings, marriagehistory, Marriage à-la-mode, Short History of Marriage, history of art, psychologytoday, Jennifer Goodall Powers, youtube)